segunda-feira, 29 de junho de 2020

DO PANTERA NEGRA AOS PANTERAS NEGRAS: MATERIAIS

Está inscrito na aula virtual DO PANTERA NEGRA AOS PANTERAS NEGRAS da Frente Negra do Velho Chico?

Confira abaixo alguns materiais para auxiliar na imersão no universo do filme de 2018 e no partido de 1966.

Ambos servirão para nossa imersão sobre cultura pop e poder popular numa perspectiva de emancipação negra - notadamente afro-juazeirense e afro-petrolinense.

E não se esqueça de duas coisas importantes: depois da aula pública, na quarta, no mesmo horário (20h) teremos bate-papo sobre a aula no Instagram da Frente Negra (@frentenegradovelhochico) e a campanha Negritude Vive continua

Confira os cinco materiais selecionados para começarmos nossa jornada.


Material 01 - Panteras e Pantera


Huey Newton, fundador do Partido dos Panteras Negras para Auto-Defesa (Oakland)
e Chadwick Boseman como T'Challa, o Pantera Negra, soberano de Wakanda no filme de 2018 da Marvel.



Material 02
PANTERAS NEGRAS: PROGRAMA DE 10 PONTOS

1.      Queremos liberdade. Queremos o poder para determinar o destino de nossa Comunidade Negra.
2.      Queremos emprego para nosso povo.
3.      Precisamos acabar com a exploração do homem branco na Comunidade Negra.
4.      Nós queremos moradia, queremos um teto que seja adequado para abrigar seres humanos.
5.      Nós queremos uma educação para nosso povo que exponha a verdadeira natureza da decadente sociedade Americana. Queremos uma educação que nos mostre a verdadeira história e a nossa importância e papel na atual sociedade americana.
6.      Nós queremos que todos os homens negros sejam isentos do serviço militar.
7.      Nós queremos o fim imediato da brutalidade policial e assassinato do povo preto.
8.      Nós queremos a liberdade para todos os homens pretos mantidos em prisões e cadeias federais, estaduais e municipais.
9.      Nós queremos que todas as pessoas pretas quando trazidos a julgamento sejam julgadas na corte por um júri de pares do seu grupo ou por pessoas de suas comunidades pretas, como definido pela Constituição dos Estados Unidos.
10. Nós queremos terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz. E como nosso objetivo político principal, um plebiscito supervisionado pelas Nações-Unidas a ser realizado em toda a colônia preta no qual só serão permitidos aos pretos, vítimas do projeto colonial, participar, com a finalidade de determinar a vontade do povo preto a respeito de seu destino nacional.

Material 03
FRENTE NEGRA DO VELHO CHICO: OITO PONTOS
(escancaradamente inspirados nos 10 pontos dos Panteras Negras)

1.    Queremos liberdade. Queremos o poder para determinar o destino de nossa Comunidade Negra.
2.    Queremos emprego para nosso povo.
3.    Precisamos acabar com a supremacia branca sobre a Comunidade Negra.
4.    Queremos morar com dignidade.
5.    Queremos uma educação antirracista que mostre a verdadeira história brasileira, a nossa importância e papel na construção dessa sociedade e ao mesmo tempo sobre a história do estabelecimento do racismo estrutural e do racismo institucional. 
6.  Queremos o fim imediato da brutalidade policial e do genocídio do povo negro.
7.    Queremos liberdade para todos os homens e mulheres pretos mantidos em prisões.
8.    Queremos vida, saúde, terra, pão, moradia, educação, roupas, justiça e paz.

Referência: Programa dos 10 Pontos dos Panteras Negras.


Material 04




Trailer 2 de Pantera Negra
(2018 - acessar https://youtu.be/x-j2QQBrmMI)


Material 05 - EMENTA

Pantera Negra, o filme (2018). Panteras Negras, o partido (1966). Partidos Negros. 

Cultura Pop. Poder Popular. História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 

Movimento Negro no Brasil.


sexta-feira, 26 de junho de 2020

Do Pantera Negra aos Panteras Negras (aula pública virtual)



Quais as conexões entre o filme Pantera Negra e o Partido dos Panteras Negras? 

O que isso tem a ver com a história e cultura afro-brasileira em geral e com a crescente contestação ao racismo no Brasil, nos Estados Unidos e no Mundo?

 Entre Áfricas e Diásporas, teremos a primeira aula pública virtual da Frente Negra do Velho Chico no dia 30/6, de 20 às 20h30. Ministrada pelo professor doutor Nilton de Almeida, coordenador do Núcleo de Estudos Étnicos e Afro-Brasileiros Abdias Nascimento - Ruth de Souza (NEAFRAR), terá vagas limitadas. 

As inscrições serão feitas exclusivamente pelo link https://forms.gle/HuuoLHBFHdZePnXo7 (que será enviado até 29/6). 

No decorrer da semana publicaremos mais informações. Gratidão e até lá!


terça-feira, 23 de junho de 2020

Solidariedade é um sentimento que só tem sentido quando se faz uma ação.


Por Marcia Alves e Rafael Morais

    Diante dos processos de colonização, a população negra, os povos originários, artistas e toda periferia brasileira, vem ao longo da sua história de lutas e resistências, ampliando e fortalecendo as redes de solidariedade, comunhão e principalmente COLABORAÇÃO.
    O sentimento de solidariedade em rede vem se apresentando como a barca que faz a travessia de uma cidade para outra, pelo rio São Francisco. Unindo duas cidades irmãs - Petrolina e Juazeiro -  no vale do São Francisco. Em tempos de pandemia  onde um mostro terrível chamado coronavírus  obrigou o fechamento das  portas dos espaços culturais por conta de não se poder aglomerar pessoas e risco de ceifar vidas. Com isso, as  apresentação em teatros, cinemas, casas de shows não estão acontecendo.
   Quem dera pudéssemos chamar Chico e Flor para combater este monstro que tem tirado o trabalho dos artistas em suas diversas linguagens. Além de  ter tirado o trabalho de atores, produtores e tantos outros profissionais da cultura, tirou também trabalhos gerados indiretamente por meio das apresentações culturais, inclusive o da Dona Maria que vende a pipoca na porta do  teatro. Nunca foi fácil, mas sempre conseguimos vencer as dificuldades organizando-nos em rede solidária, colaborativa, resistindo e promovendo ações assertivas para defender os direitos do povo.  
    As resistências estão no próprio ato de viver, na sobrevivência e reinvenção da periferia, que é ignorada pelo poder público, que estrategicamente tem negado o direito e acesso aos bens públicos de saúde, educação e cultura. O racismo estrutural que a sociedade branca privilegiada insiste em continuar promovendo, tem nos negado o direito de viver com dignidade e respeito, o racismo tem nos tirado a vida.  Na periferia, nos becos e barracos temos uns ao outros nessa rede de apoio e ajuda mútua.
    Os nossos antepassados estão vivos, dentro de nós, resistindo ao aqui e agora. O processo de aquilombamento é nossa herança ancestral de luta e resistência diante da opressão que foi e é a colonização. Nosso quilombo, nosso barraco, nossa casa, nosso terreiro, nossa rede social na internet, que partilhamos em solidariedade aos nossos.

· Você sabia que a população negra é hoje a que mais tem morrido por conta da disseminação do Covid-19?
· Quantas pessoas negras você tem ajudado nesse momento de pandemia?
· Quantas lives de artistas negros você tem acompanhado?
· Quais ações têm sido feitas pelo poder público para amparar e cuidar da população periférica?
· O que você têm feito para ser antirracista?
· A sua solidariedade e colaboração tem chegado às pessoas negras?

    A Frente Negra do Velho Chico através de ações têm mobilizado o poder público e sociedade civil para que juntos possamos resguardar as populações negras, periféricas e minorias em vulnerabilidade socioeconômica. A campanha NEGRITUDE VIVE tem arrecadado alimentos não perecíveis, materiais de higiene e limpeza, e uma vakinha online para doações (acesse clicando aqui). Todo as doAÇÕES serão destinadas para as famílias periféricas.
A Frente Negra do Velho Chico conta com sua colaborAÇÃO!

Solidariedade é um sentimento que só tem 
sentido quando se faz uma ação







sexta-feira, 5 de junho de 2020

SOMOS CONTRA O PROGRAMA DE REABERTURA DE JUAZEIRO (BA) E PETROLINA (PE)

SOMOS CONTRA O PROGRAMA DE REABERTURA DE

JUAZEIRO (BA) E PETROLINA (PE)

 

VIDAS NEGRAS IMPORTAM!

 

O Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial de Juazeiro (COMPIR) e a Frente Negra do Velho Chico vem manifestar sua discordância sobre o programa de abertura do comércio de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), a partir de 01 de Junho de 2020, visto que a cidade ainda não controlou a epidemia do COVID-19 e ainda não realizou testes na magnitude mínima necessária.

O Boletim nº 8¹ de 1 de Junho de 2020 divulgado pelo Comitê Científico do Nordeste, reporta que em Juazeiro houve um aumento de 191% dos casos, demonstrando que ainda estamos em acessão da curva epidemiológica.

É necessário que o processo de reabertura aconteça por meio de mecanismos participativos e critérios objetivos de saúde, caso contrário esse relaxamento prematuro das medidas preventivas pode levar a um aumento rápido de contágios e mortes pelo coronavírus e ao stresse do sistema de saúde dos municípios, com concreto risco de colapso dos mesmos. Apesar da Covid-19 ser uma doença que tem contaminado pessoas indistintamente, as pesquisas apontam que as principais vítimas fatais estão entre as pessoas negras: 54,8% dos negros e negras internados por Covid-19 morrem, enquanto entre os brancos a porcentagem de mortos é de 37,9%, segundo pesquisa realizada por 14 pesquisadores do NOIS (Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde) da Puc (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro.

A FIOCRUZ² lançou uma nota técnica baseada no documento da Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca 3 pontos e critérios objetivos que devem ser cumpridos antes de flexibilizar as medidas e o COMPIR solicita que deveriam ser observada antes da reabertura do comercio.

Os critérios são:

1) Existem indícios de que a pandemia está controlada?

2) O Sistema de Saúde tem capacidade de enfrentar o crescimento do número de casos de COVID-19 ou eventual ressurgimento de casos após adaptar algumas medidas?

3) O sistema de vigilância em saúde pode identificar a maioria dos casos e os seus contatos?

                                                                                      

1) Existem indícios de que a pandemia está controlada?

Indicador Chave: Número efetivo de reprodução (Rt) inferior a 1 por pelo menos duas semanas. Em teoria, um Rt (número efetivo de casos secundários por caso de infecção em uma população) menor que 1 é a melhor indicação de que a pandemia está controlada e está diminuindo.

Em países, estados e municípios com grande contingente populacional, o Rt pode variar entre diferentes segmentos da população e deve ser estimado para estes diferentes segmentos (municípios e bairros, por exemplo). Para determinar se a pandemia está controlada, uma avaliação qualitativa, baseada em alguns ou todos os critérios a seguir, deve ser realizada para complementar as estimativas de Rt ou para conduzir uma avaliação robusta do Rt, se dados de vigilância suficientes não estiverem disponíveis.

Neste sentido, a adoção do quesito cor/raça nos questionários e levantamentos é imperativo, em especial no contexto de cidades de maioria negra e alto déficit de igualdade racial como o são Juazeiro e Petrolina.

2) O Sistema de Saúde tem capacidade de enfrentar o crescimento do número de casos de COVID-19 ou eventual ressurgimento de casos após adaptar algumas medidas?

Indicador Chave: O número de casos que requerem hospitalização é menor do que a capacidade máxima de leitos hospitalares e de UTIs do Sistema de Saúde (ou seja, que o Sistema de Saúde pode enfrentar novas hospitalizações sem ficar sobrecarregado e manter, ao mesmo tempo, a prestação de serviços essenciais).

 3) O sistema de vigilância em saúde pode identificar a maioria dos casos e os seus contatos?

É fundamental realizar um número suficiente de testes laboratoriais e elaborar uma estratégia clara para identificar a cadeia de contágio de maneira rápida e precisa.

 É importante salientar que Juazeiro, por exemplo, conta com poucos leitos de UTI na cidade e ainda recebe a demanda da região circunvizinha e se uma pequena parcela da população for contaminada já é o suficiente para lotar o sistema de saúde. Levando em consideração o índice de internação encontrado na China³ uma contaminação de 1% da população Juazeirense pelo Covid-19 iria gerar 108 pessoas necessitando de UTI e a cidade conta com menos de 20 leitos.

Outro fator relevante é a falta de imunidade da população do município para esse vírus. A Pesquisa Nacional Evolução da Prevalência de Infecção por COVID-19 (Epicovid19-BR)4 e relatou uma prevalência <1% de anticorpos para o coronavírus.

Portanto, as programações de reabertura do comércio em nossa região TÊM QUE SER REVISTAS URGENTEMENTE. É preciso muita calma, muita prudência, muita cautela, ainda mais quando a pandemia tem o Brasil como epicentro nos últimos dias.

A população negra é a mais vulnerável, mas nem por isso não está atenta e alerta.

 

Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), 5 de junho de 2020.

              

    



1 Comitê Científico do Consorcio do Nordeste – Boletim nº 8. <acessado em 2 de Julho de 2020> link: https://www.comitecientifico-ne.com.br/boletim.

 

2 FIOCRUZ. FREITAS, C.M.; TRAVASSOS, C. M. R.; BARCELLOS, C.; MACHADO, C. V.; VILLELA, D. A. M.; PORTELA, M. C. e FERNANDES, V. R. Nota Técnica Sobre a Importância das Medidas de Distanciamento Social no Contexto Atual da COVID-19 no Rio de Janeiro. 1 de Junho de 2020.

3 WU, Z; MCGOOGAN, J. JAMA. Link: jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/276213.

4 Epicovid19-BR. COVID-19 no Brasil: várias epidemias num só país Primeira fase do EPICOVID19 reforça preocupação com a região Norte. <acessado em 1 de Junho de 2020> link:  COVID-19 no Brasil: várias epidemias num só país Primeira fase do EPICOVID19 reforça preocupação com a região Norte.